A memória é uma ação política
[Traducción al español en la parte inferior] [English translation at the bottom]
Toda vez que o tema é "memória" ou "história LGBT+", a relação entre público e as propostas desenvolvidas pelo Bajubá é muito parecida com a descrição que a pesquisadora Helena Vieira deu ao comentar sobre o ato inicial de sua peça "Jango/Jezebel: onde estavam as travestis na ditadura":
As pessoas esperam sair da peça sabendo algo da história das travestis na ditadura, um conteúdo.
Pois bem, esse o quê da história, apesar de importante, na realidade é apenas parte integrante dessa história, que pode ser acessada e produzida também por outros tipos de experiência que considerem não só o conteúdo, mas também o formato: os modos de contar, de elaborar e de acessar o passado.
É, as condições do presente marcam sim os modos de se fazer história. Em poucas palavras, não há um jeito ou uma verdade a ser elaborada (para o alívio, mas também para nosso desespero); mas como ser diferente, se claramente a memória é uma ação política, como aponta Francisco Mallmann?.
É pensando nesses outros modos de se relacionar com o passado que temos apostado em oficinas, laboratórios, podcasts e outros formatos abertos de ação: um leque de possibilidades para pensar as relações do hoje com o passado para a definição de um outro futuro. E é também no meio dessa discussão que o chamado mercadão da memória pode ser melhor entendido. (Quem sabe esse será o tema da próxima newsletter?) Mas, hoje, vamos pensar sobre as oficinas de memória e o por que a gente tem apostado nessa estratégia de ação.
Na semana passada, mais precisamente na sexta-feira, à convite da união de estudantes trans e queer da Universidade da Califórnia, Santa Bárbara (EUA), Yuri Fraccaroli, pessoa pesquisadora do Bajubá, e nosso representante em terras estrangeiras, ministrou um workshop sobre memória e práticas de acervo para celebrar e homenagear pessoas trans e queer. O trajeto que se seguiu foi, no entanto, talvez diferente daquilo que se esperava no convite – embora celebrado por todas as pessoas participantes ao final da oficina.
A proposta foi a seguinte: antes de assistir uma aula de história ou de acervos LGBT+, as pessoas participantes foram convidadas a pensar nas relações de acesso ao passado e as possibilidades de ética frente à vida que brota dele, mas também a morte que os assusta e os constitui. Os dois disparadores para pensar os dois modos de compor histórias foram o trecho cantado por Pabllo Vittar em "AmarELO" ("permita que eu fale não as minhas cicatrizes…") e as reflexões de Eric Stanley (2021) sobre a violência que permeia/constitui a vida de pessoas trans e queer. Após esse momento inicial, a ministrante da oficina propôs duas possíveis respostas: a obra de Francisco Mallman (2018) "haverá festa com o que restar" e uma imagem da dançarina Lacraia, quem teve sua vida contada, em especial nesse binômio alegria/tristeza, pela ativista e pesquisadora Caia Coelho.
Com esses dois disparadores, as participantes foram convidadas a pensar sobre suas primeiras referências de pessoas que hoje elas identificam como trans ou queer em suas próprias vidas – tanto em relação a alguém que viram na mídia, como alguém que participava do cotidiano delas presencialmente (ainda que essa distinção real/virtual tenha sido tão criticada pela academia, ainda faz sentido para algumas pessoas e também para o próprio exercício).
Nesse momento, Kristy Ali, diretora da União trans e queer de estudantes de pós-graduação, colocou para tocar uma playlist colaborativa, que as pessoas tinham feito antes do evento (Em seguida, todo mundo começou a desenhar e a comer mais um pouco. Aliás, a comida estava uma delícia: culinária mexicana e vários potes de "água da jamaica" (uma espécie de chá de hibisco bem doce, servido em várias taquerias).
Sem tempo definido ou a necessidade de chegar em algum lugar, o fazer/elaborar da oficina se deu de modo orgânico. As pessoas passaram a se agrupar em pequenos pares e as mesas que antes estavam por toda volta do salão foram agrupadas, formando, assim, um círculo mais íntimo. Iniciou-se, então, o momento de compartilhar as histórias que surgiram a partir dos desenhos – detalhes que ficam obviamente restritos para as pessoas que participaram da oficina, grupo que agora passa a discutir em conjunto modos de publicar essa produção, mas em especial, manter a regularidade dos encontros.
Depois desse sentimento de comunidade articulado, a oficina voltou a seu papel mais de apresentação. Pensando nos tantos pontos de conexão e diferença que surgiram, Yuri Fraccaroli destacou o caráter de arquivo vivo que se performa como condição e que se materializa enquanto aliança para então se pensar o acesso ao passado. O cafezinho do Bajubá se materializou em água de jamaica. Aconteceu em outro trópico, mas a prática foi muito similar: do mesmo modo em que se começa organizando o espaço, termina-se limpando as mesas, o chão e ordenando os móveis para as posições iniciais. Se houve festa com o que restou, a gente cuida desse resto como possibilidade de escrita da história e de estar junto de novo.
Além da celebração dos corpos presentes e os tantos corpos mencionados/rememorados no exercício de memória, celebrados a partir dessa troca entre pessoas, o ponto alto da oficina foi quando as pessoas, por fim, acessaram o arquivo que elas queriam conhecer no começo da oficina. Provocadas um pouquinho mais pela indagação da saudosa travesti chilena Hija de Perra ( "qué tan inmundo eres tú?"), a oficina deslocou-se para a exposição de exemplos de práticas de arquivo/acervo, como o Bajubá, o Archivo de La Memoria Trans da Argentina e o Cubanecuir. As pessoas participantes compreenderam a prática de arquivo de um modo completamente diferente. Longe da musealização do passado ou de um uso da história para um determinado fim, sem relações reais com o chão, as pessoas são convidadas a olhar para o movimento que performaram como modo de entender outras práticas possíveis.
É com base no exercício vivido, concreto, compartilhado e experienciado pelos participantes que se propõe o acesso a outras práticas vivas, comunitárias e repletas de produções de sentidos ativos sobre o passado no presente. Entre a necessária utopia para pensar outros futuros e a experiência do cotidiano, a oficina inspira-se nas reflexões de Walidah Imarisha (2023). Para a escritora norte-americana, é necessário ser o mais explícito possível; ou seja, lançar mão da imaginação, explorar seu potencial criativo, mas pensar também nesse caminho de volta, para que as relações entre o que se discute com o que se vive possam ser elaboradas. "É preciso voltar às coisas", como dizia a psicóloga social Ecléa Bosi, se não, é só o poder com o poder.
Esse é um exercício que tentamos articular como prática-desafio do acervo, inclusive ao escrever esta newsletter de periodicidade duvidosa. Até a próxima?
Referências
Mallmann, F. (2018). Haverá festa com o que restar (primeira edição). Editora Urutau.
Stanley, E. A. (2021). Atmospheres of violence: Structuring antagonism and the trans/queer ungovernable. Duke University Press.
Walidah Imarisha, “O objetivo da ficção visionária é mudar o mundo”, SUR 32 (2022), acesso 21 Abr. 2023.
LA MEMORIA ES UNA ACCIÓN POLÍTICA
Siempre que el tema es “la memoria" o la historia LGBT", la relación entre el público y las propuestas desarrolladas por Acervo Bajubá es muy similar a la descripción que la investigadora Helena Vieira dio al comentar el acto de apertura de su obra "Jango/Jezabel": donde estaban las travestis en la dictadura":
La gente espera salir de la obra sabiendo algo de la historia de las travestis durante la dictadura, algún contenido.
El contenido de la de la historia, a pesar importante, en realidad es solo una parte integral de cualquier historia, que también puede ser accedida y producida por otros tipos de experiencia que consideran no solo el contenido, sino también el formato: las formas de contar, elaborar y acceder al pasado.
Las condiciones del presente sí definen los modos de hacer historia. En resumen, no hay una forma ni una verdad a ser elaborada (para nuestro alivio, pero también para nuestra desesperación); pero cómo ser diferente, si la memoria es claramente una acción política, como ha señalado Francisco Mallmann?.
Pensando en otras formas de relacionarnos con el pasado que venimos apostando en talleres, laboratorios, podcasts y otros formatos abiertos de acción: un abanico de posibilidades para pensar las relaciones de hoy con el pasado y para la definición de otro futuro. En medio de esta discusión se puede entender mejor el llamado mercado de la memoria (¿Quizás este sea el tema del próximo boletín?). En la presente newsletter, vamos a pensar en los talleres de memoria y por qué hemos estado apostando a esta estrategia de acción.
La semana pasada, más precisamente el viernes, por invitación del Trans and Queer Student Union at the University of California, Santa Bárbara (EEUU), Yuri Fraccaroli, investigador del Acervo Bajubá y nuestro representante en el extranjero, ofreció un taller sobre memoria y prácticas de recolección para celebrar y honrar a las personas trans y queer. El camino que se siguió fue, sin embargo, tal vez diferente al que se esperaba en la invitación, aunque fue celebrado por todas las personas participantes al final del taller.
La propuesta fue la siguiente: antes de asistir a una clase sobre historia LGBT+, se invitaba a los participantes a reflexionar sobre las relaciones de acceso al pasado y las posibilidades de la ética frente a la vida que brota de él, pero también frente a la muerte que los asusta y los constituye. Los dos disparadores para pensar las formas de componer historias fueron el fragmento cantado por Pabllo Vittar en "AmarELO" ("permítanme no hablar de mis cicatrices...") y las reflexiones de Eric Stanley (2021) sobre la violencia que permea/constituye la vida de las personas trans y queer. Tras este momento inicial, el tallerista planteó dos posibles respuestas: la obra de Francisco Mallman (2018) “habrá fiesta con lo que queda” y una imagen de la bailarina Lacraia, a quien le contaron su vida, especialmente en este binomio. alegría/tristeza, como ha señalado la activista e investigadora Caia Coelho.
A partir de los ejemplos presentados, se invitó a los participantes a pensar en sus primeras referencias en sus propias vidas de personas que ahora identifican como trans o queer, tanto en relación con alguien que vieron en los medios como con alguien que participó en su vida cotidiana en persona (aunque esta distinción real/virtual ha sido tan criticada por la academia, todavía tiene sentido para algunas personas y también para el ejercicio en sí).
Kristy Ali, directora de Trans and Queer Graduate Student Union, puso entonces una playlist colaborativa que la gente había hecho antes del evento. Luego todos comenzaron a dibujar y comer un poco más. Por cierto, la comida estaba deliciosa: cocina mexicana y varios potes de "agua de Jamaica" (una especie de té de jamaica muy dulce, servido en varias taquerías).
Sin tiempo definido ni necesidad de llegar a ningún lado, la realización/elaboración del taller se llevó a cabo de manera orgánica. La gente empezó a agruparse en pequeñas duplas y las mesas que antes estaban por todo el salón se agruparon, formando así un círculo más íntimo. Luego comenzó el momento de compartir las historias que surgieron de los dibujos, detalles que obviamente están restringidos a las personas que participaron del taller, un grupo que ahora comienza a discutir colectivamente formas de publicar esta producción, pero en particular, mantener la regularidad de reuniones
Una vez que se articuló ese sentido de comunidad, el taller volvió a su carácter más expositivo. Pensando en los muchos puntos de conexión y diferencia que surgieron, Yuri Fraccaroli destacó el carácter de archivo vivo que se realiza como condición y que se materializa como alianza para luego pensar el acceso al pasado. El café de Bajubá se materializó en agua de Jamaica. Ocurrió en otro trópico, pero la práctica fue muy similar: de la misma manera que empiezas organizando el espacio, terminas limpiando las mesas, el piso y acomodando los muebles en sus posiciones iniciales. Si hubo fiesta con lo que se quedó, lo cuidamos como posibilidad de escribir historia y volver a estar juntos.
Además de la celebración de los cuerpos presentes y de los muchos cuerpos mencionados/recordados en el ejercicio de memoria, celebrado a partir del intercambio entre personas, el punto culminante del taller fue cuando las personas finalmente accedieron al archivo que querían conocer al comienzo del taller. Provocado un poco más por la consulta de la fallecida travesti chilena Hija de Perra ("¿qué tan inmundo eres tú?"), el taller pasó a la exposición de ejemplos de prácticas archivísticas/coleccionistas, como Acervo Bajubá, el Archivo de La Memoria Trans de Argentina y Cubanecuir. Las personas participantes entendieron la práctica de archivar de una manera completamente diferente. Lejos de la musealización del pasado o del uso de la historia para un propósito específico, sin relaciones reales con el suelo, se invita a las personas a mirar el movimiento que realizaron como una forma de formular otras prácticas posibles.
Basándose en el ejercicio vivido, concreto, compartido y experimentado por los participantes, el taller propuso el acceso a otras prácticas vivas, comunitarias y llenas de producciones de sentidos activos sobre el pasado en el presente. Entre la utopía necesaria para pensar otros futuros y la experiencia de lo cotidiano, el taller se inspiró en las reflexiones de Walidah Imarisha (2023). Para el escritor estadounidense, es necesario ser lo más explícito posible; es decir, utilizando la imaginación, explorando su potencial creativo, pero también pensando en ese camino de regreso, para que se puedan elaborar las relaciones entre lo que se discute y lo que se vive. "Tenemos que volver a las cosas", como decía la psicóloga social Ecléa Bosi, de lo contrario, es solo poder con poder.
Este es un ejercicio que hemos tratado de articular como una práctica-desafío para la colección, incluso al escribir este boletín de dudosa periodicidad. ¿Hasta la próxima?
Referencias
Mallmann, F. (2018). Haverá festa com o que restar (primeira edição). Editora Urutau.
Stanley, E. A. (2021). Atmospheres of violence: Structuring antagonism and the trans/queer ungovernable. Duke University Press.
Walidah Imarisha, “O objetivo da ficção visionária é mudar o mundo”, SUR 32 (2022), acesso 21 Abr. 2023, disponível https://sur.conectas.org/o-objetivo-da-ficcao-visionaria-e-mudar-o-mundo/
MEMORY IS A POLITICAL ACTION
Every now and then when the discussion is about "LGBT history or memory", the relationship between the audience and the projects developed by Acervo Bajubá resemble a lot the take the researcher Helena Vieira gave when commenting on the opening act of her play "Jango/Jezebel: onde estavam as travestis na ditadura":
People expect to leave the play knowing something about the history of transvestis during the dictatorship, something about the content.
Well, the content of the history, although important, is actually just a part of it - a history which can also be accessed and produced by other types of experience that consider not only the content, but also the ways of doing it: the ways of narrating or elaborating it and hence the different modes of accessing the past.
What we’re saying is that the conditions of the present define the ways of making history. Briefly, there is no one-way or truth to be worked out (to our relief, but also to our despair); but how to be different, if memory is clearly a political action, as pointed out by Francisco Mallmann?
Considering these other ways of relating to the past, such as workshops, laboratories, podcasts and other open formats of action, we have developed a range of different possibilities to think about today's relations with the past with the consideration of the future we want. And it is also in the midst of this discussion that the so-called memory market can be better understood. (Perhaps this will be the topic of the next newsletter?) But, in this newsletter, we are going to think about the memory workshops and why we have been betting on this strategy of action.
Last week, more precisely on Friday, invited by the Trans and Queer Student Union at the University of California, Santa Barbara (USA), Yuri Fraccaroli, a researcher at Bajubá, and our representative in foreign lands, facilitated a workshop on memory and collection practices to celebrate and honor trans and queer lives. Notwithstanding, the path that followed was perhaps different from what was expected in the invitation – although celebrated by all the people participating by the end of the workshop.
The proposal was as follows: before attending a class about LGBT+ history, the participants were invited to think about the relations of access to the past and the possibilities of ethics in the face of the life that emerges from trans and queer lives, but also the death that frightens and constitutes them. The two touchstones for thinking about the ways of composing trans and queer stories were the excerpt sung by Pabllo Vittar in "AmarELO" ("allow me not to speak about my scars…") and Eric Stanley's reflections (2021) on the violence that permeates/constitutes the lives of trans and queer people. After this first moment, the workshop facilitator proposed two possible answers: the work of Francisco Mallman (2018) "there will be a party with what is left" and an image of the dancer Lacraia, who had her life told, especially in this binomial joy/sadness, according to the activist and researcher Caia Coelho.
Following these two examples, the participants were invited to think about their first references in their own lives of people they now identify as trans or queer – both in relation to someone they saw in the media, as well as someone who participated in their everyday lives in person (although this real/virtual distinction has been so criticized by the academy, it still makes sense to some people and also to the exercise itself).
Kristy Ali, Trans and Queer Graduate Student Union's director, put on a collaborative playlist that people had made before the event. Then everyone started drawing and eating. The food was delicious: Mexican cuisine and several jars of "Jamaica water" (a kind of very sweet hibiscus tea, typically served in many taquerias in California).
With no defined time or the need to achieve anything, the making/elaboration of the workshop happened in an organic way. People started to get together, forming small pairs. The tables that were all around the room were then grouped together, forming a more intimate circle, then the stories that emerged from the drawings were shared – details that are obviously restricted to the people who participated in the workshop, a group that now starts to collectively discuss ways to publish this production, but in particular, maintain the regularity of meetings.
Once that sense of community was articulated, the workshop returned to its more keynote speaking format. Thinking about the many points of connection and difference that emerged from the participants' memories, Yuri Fraccaroli highlighted the character of a living archive that is performed as a condition that is materialized as an alliance to then discuss these possible access to the past. Bajubá's cafezinho (Fraccaroli, 2023) materialized this day as Jamaican water. It happened in another tropic, but the practice was very similar: in the same way that you start by organizing the space, you end up cleaning the tables, the floor and rearranging the furniture to their initial position. If there was a party with what was left, we take care of this rest as a possibility of writing history and being together once again.
In addition to the celebration of the present bodies and the many bodies mentioned/remembered in the memory exercise, celebrated from this exchange between people, the highlight of the workshop was when people finally accessed the archive they wanted to know at the beginning of the workshop. They were provoked a little more by the query of the Chilean travesti Hija de Perra ("qué tan inmundo eres tú?"), and finally the workshop moved to the exhibition of examples of archival/collection practices, such as Bajubá, the Archivo de La Memoria Trans from Argentina and Cubanecuir. The participants understood the practice of archiving in a completely different way. Far from the musealization of the past or the use of history for a specific purpose, without real relationships with the chão [Portuguese word for ground, what we step on], people were invited to look at the movement they performed as a way of understanding other possible practices of history and memory.
Based on the lived, concrete and shared exercise experienced by the participants, the workshop proposed this access through other living practices, from a community orientation that produces active meanings about the past in the present time. Between the necessary utopia to think about other futures and the experience of everyday life, the workshop is inspired by the reflections of Walidah Imarisha (2023). For the North-American writer, it is necessary to be as explicit as possible: using imagination, exploring its creative potential, but also thinking about that way back, so that the relationships between what is discussed and what is lived can be elaborated. "We have to go back to things", as the Brazilian social psychologist Ecléa Bosi used to say: otherwise, it's just the reiteration of power relations.
This is an exercise that we have been trying to articulate as a practice/challenge in Bajubá, even when writing this newsletter of dubious periodicity. See you next time?
References
Mallmann, F. (2018). Haverá festa com o que restar (primeira edição). Editora Urutau.
Stanley, E. A. (2021). Atmospheres of violence: Structuring antagonism and the trans/queer ungovernable. Duke University Press.
Walidah Imarisha, “O objetivo da ficção visionária é mudar o mundo”, SUR 32 (2022), access on Apr 21st. 2023, avaiable on: https://sur.conectas.org/o-objetivo-da-ficcao-visionaria-e-mudar-o-mundo/